Travessia do Salar de Uyuni, 3º dia. Aquele que talvez tenha sido o mais esperado de toda a trip. Olha, passar por tudo isso que passamos, ver/tatear/sentir todo esse MUNDO boliviano e ainda esperar por algo que possa ser ainda MELHOR do que isso que vivenciamos até aqui, é querer demais, né não? É. Logo, esse tour conseguiu ser, para nós, algo que vai muito além das expectativas! Eu, já incapaz de encontrar por conta própria, palavras que conseguissem ser fiéis ao sentimento, recorri ao Google e encontrei: Excepcional – que é fora do comum, que ocorre além dos limites do estabelecido ou do que é normal (fonte). Excepcional vem de exceção. Aquilo é raro, diferente (fonte). Pronto, encontrei uma definição que passa perto do que é estar no Salar propriamente dito, alagado. Um perfeito espelho d’água.
Travessia do Salar de Uyuni, 3º dia – O início
Era cedo quando deixamos o hotel em Uyuni. Chegamos à parte alagada do Salar antes mesmo do nascer do sol e por volta das 7 da manhã o astro rei ameaçou dar o ar da graça. O frio, extremo, chegava a 3º C as 7:30 hrs. Mas a paisagem é exatamente essa do vídeo.
O Salar alagado está na lista de desejos de muitos viajantes. Sempre que via essas fotos eu ficava intrigada, porque não entendia muito bem como acontecia. Fato é que no período chuvoso o maior e mais alto deserto de sal do mundo forma diversas poças d’água gigantes.
Saiba: A temporada de chuvas no Salar de Uyuni vai de dezembro a março. Dias antes de fazermos a travessia os passeios estavam suspensos, justamente por conta das precipitações. Acontece que por mais que o Salar aparente ser plano, ele possui partes mais baixas e buracos que podem afundar uma 4×4 – no sentido literal da palavra.
Os primeiros minutos da Travessia do Salar de Uyuni, 3º dia: ficamos aguardando o sol sair só para fotos e o vídeo (que por sinal, foi copiado inspirado no vídeo da Ana. Essa pessoa maravilhosa que deixou o relato detalhado no mochileiros.com). O texto completo dela, que foi sozinha, você encontra aqui. Então se você, mulher, tá procurando uma dose extra de coragem, é ele que você deve ler do começo ao fim.
Foi lendo ele que consegui finalmente definir minhas vestes, pois o medo de levar roupas demais (= muito peso) conflitava com outro, o de sentir frio. Um post específico sobre o que levamos no mochilão vai sair em breve. Mas se você tem pressa, veja o que a Gegê levou no dela, tá bem nesse link dos nossos amigos do Viajando na Janela.
Hotel de Sal e Monumento ao Dakar
Depois desse momento fomos “desayunar” no Hotel e Museo de Sal Playa Blanca. Enquanto Ruben, mais uma vez, preparava nosso café da manhã, aproveitávamos para fazer mais fotos, dessa vez no Monumento ao Dakar. Este que tem cerca de 5 metros de altura e é todo feito em sal. Ele marca a passagem do Rally Dakar.
O Museo de Sal também é todo feito da matéria prima. Paredes, mesas, cadeiras e até a ornamentação é feita de puro sal.
No nosso café esse dia foi servido: água quente (para o café solúvel ou chá), pão, iogurte, achocolatado, leite em pó, uma espécie de granola (que mais se assemelhava a pipoca doce) e ovos mexidos. Bem, ao que parece nosso estoque de ovo já havia se esgotado no dia anterior, mas diante da nossa procura por huevos revueltos, Ruben foi atrás com outro guia (muito amor por uma pessoa assim, gente!).
Aqui ficamos sabendo que há 5 anos consecutivos o Rally Dakar passa por parte do deserto
Finalizado o café, seguimos até o monumento das Bandeiras. Quem nunca viu uma foto aqui e ficou SE imaginando segurando a bandeira do país? Era mais um sonho sendo realizado em nossas vidas.
Travessia do Salar de Uyuni, 3º dia e aquelas famosas fotos em perspectiva
Se esse dia já é tão aguardado, você imagina este exato momento. Hora de fazer as fotos que sempre nos imaginávamos fazendo! Aqui vem um detalhe a parte, importantíssimo: a menos que você seja um fotógrafo profissional ou tenha tentado fazer fotos semelhantes em outros momentos, você só vai conseguir fazer fotos dessas se seu guia for bom! Nós quatro ainda tentamos fazer uma graça, mas foi (advinha quem? Isso mesmo) Ruben que fez os registros que vão inevitavelmente enfeitar nosso álbum e a parede da sala.
Vai lá, tira o escorpião do bolso!
Pague! Apenas pague um pouco a mais por uma agência bem avaliada! Pesquise, leia. O mais barato pode ser frustrante! Nós fizemos a Travessia com o pessoal da Lithium Aventura, por intermédio da 123 Andes. O serviço não oferece luxo, não te isenta de eventuais perrengues, mas dificilmente encontraríamos algo melhor pelo preço que pagamos, o equivalente a R$ 600 por cabeça.
Na boa, 200 reais por dia, com direito a todo o trajeto, mais de 500 km; mais de 3 refeições/dia, guia, pausa para fotos onde a gente bem quisesse e ainda um serviço de fotógrafo?! Tá bom demais issaê!
Outra observação: Se sua câmera for profissional, provavelmente o guia não saberá utilizar, então faça o que o Flavão diz aqui : “Se você estiver com uma câmera DLSR (aquelas consideradas profissionais) e fotografando no modo automático fica ainda mais difícil! Isto porque a câmera tenderá a fazer o foco no que tiver na frente, e o que estiver atrás vai ficar totalmente embaçado. Então, se você for com uma câmera assim, o indicado é deixar a abertura da câmera em, pelo menos, f11. Assim, é certeza que tudo sairá em foco. Se a sua máquina ou celular não te permite mexer nas configurações, desconsidere isso, ok?! “
Ficamos nessa brincadeira por um bom tempo. Voltamos a ser crianças e nem vimos o tempo passar. Era perto do meio dia quando Ruben nos chamou para partirmos. Hora de deixar a melhor parte do tour pelo Salar de Uyuni, 3º dia.
Travessia do Salar de Uyuni, 3º dia – A pequena cidade de Colchani
A parada seguinte, antes do almoço, era um lugar que eu “nem gosto”: uma feira! A feira de Colchani é um ponto excelente para comprar souvenirs e também foi parte do tour pelo Salar de Uyuni, 3º dia. Foi nela que comprei meu casaquinho super macio. Custou 60 BOB (30 reais). Aqui também há muito artesanato feito com sal, além de luvas, cachecóis, gorros, entre tantas outras coisas lindas!
Logo que descemos do veículo demos de cara com uma simpática lhama. Ela desfilava pela ruela e era alvo de turistas, todos sedentos por uma foto digna de ser postada no instagram.
Era mais de 13 horas quando Ruben nos convocou para o almoço. O restaurante era na verdade um pequeno cafofo, que muito se assemelhava a um boteco de 5ª categoria. A refeição não tinha lá a aparência muito boa. Na verdade, a quinoa (que na Bolívia é servida cozida como nosso tradicional arroz), a batata e a salada estavam com boa apresentação, já a carne…
Como ou não como?
Todos os presentes na mesa olharam para a proteína animal com suspeita. Era uma fritura-gordurosa-oleosa que não nos agradava visualmente, sendo assim, ninguém teve coragem de encarar. Ficamos só nos acompanhamentos. Nosso guia pareceu um tanto chateado após perceber nossa rejeição ao alimento. Fico triste pois, de certa forma, o decepcionamos. Mas a lei da sobrevivência fala mais alto nessas horas! rsrs…
A gente ri mas é sério. As vezes é necessário dar ouvidos à sua intuição. Se a aparência do alimento não o/a agrada, não o encare! Alimentos crus e carnes são grandes perigos de intoxicação alimentar na Bolívia. Não preciso nem dizer (novamente) sobre a água, né? Somente engarrafada!
Mas Mônica, mesmo vocês não gostando do visual do alimento, ainda assim vocês indicam a agência?
Sim amiguinho(a). O roteiro da Lithium é simplesmente uma das coisas mais maravilhosas que aconteceram nesses 32 dias de mochilão. Nós esperávamos passar por perrengues de verdade. Mas olha só: tivemos acesso a banho quente, 3 refeições/dia, um guia atencioso/cuidadoso/prestativo/paciente e toda sorte de orientação. #RubenÉoCara
Salar de Uyuni, 3º dia – Hora de seguir em frente!
Terminado nosso almoço, era hora de regressarmos ao hotel. Não era nem 14 horas quando chegamos nele. Nossos mochilões tinham ficado num quartinho, já que nossa diária havia expirado. O próximo ônibus, com destino a La Paz, só partiria as 20:30. Estávamos cansados e literalmente temperados. Sal em nossas vestes e roupas, sal para todos os lados rsrs… Diante de tal circunstância, nada mais justo do que negociarmos meia diária. Foi o que fizemos. Por mais 50 BOB (R$ 25) por pessoa, ficamos em um quartinho com 4 camas. Pudemos tomar um banho e descansar um pouco.
Já de noite, pegamos nosso bus cama da Todo Turismo, rumo a capital política boliviana. Chegaríamos à loucura literalmente conhecida. As estradas não deviam ser nada boas, mas o leito era pesado e confortável, não nos permitindo reparar muito na realidade externa. A Bolívia agora se apresentaria a nós como ela é, por vezes gélida e cruel. E sobre isso você vai saber logo mais.
Observações importantes
Como vocês puderam perceber, fomos 6 afortunados nessa missão de Travessia do Salar. Tudo deu muito certo, mas nem sempre é assim. O próximo post será com dicas e informações sobre o que pode dar errado. Problemas que vão desde o passar mal por conta das elevadas altitudes a ter seu tour bem diferente do imaginado.
Até onde conseguimos entender, cada agência monta seu roteiro (provavelmente eu já tenha falado isso por aqui, mas não custa relembrar). Existe um tour padrão (feito pela maioria) e existem os alternativos, feitos de acordo com o que as empresas decidem e as condições climáticas.
A Travessia que sai do país Boliviano tem o que fizemos no Salar de Uyuni, 3º dia, como sendo o primeiro, passando inclusive por uma Ilha de Cactos quando em época de seca, a Isla Incahuasi.
Aonde eu quero chegar: nós demos uma p*ta sorte com nossa escolha. Sendo muito repetitiva, eu achei os pontos pelos quais passamos simplesmente fenomenais! Ruben é um cara gente finíssima, sempre preocupado com nosso bem estar.
Dica: Não esqueça de levar lanches na mochila de ataque (biscoitos, barras de cereal e tudo mais o que você conseguir), pois as vezes o rango demora a ficar pronto.
Informação extra: Todo alimento servido durante os 3 dias de travessia vão no porta-malas do veículo.
Mais algumas observações 😉
Mais uma vez, não contrate qualquer agência. Uma experiência dessas é pro resto da vida! Você precisa de um bom guia (pra não dizer, excelente!). Alguém que faça boas refeições, que explique um pouco sobre cada ponto de parada. Que saiba realmente o que é cada parte do Salar. Que te coloque para ouvir músicas bolivianas, mas em dado momento, pergunte a você se não gostaria de trocar por músicas brasileñas (nossos jeep tinha bluetooth). E ainda, que saiba tirar fotos engraçadas no deserto, independente dele estar alagado ou seco.
Se você for fazer a Travessia na mesma época que fizemos, período chuvoso, provavelmente a agência vai oferecer o aluguel de galochas. Nós optamos por poupar as nossas botas e pagar os 30 BOB em cada par. Na boa? Um dos bolivianos mais bem investidos! Aquela água extremamente salgada é capaz de detonar pneus, você imagina sua botinha, comprada em suadas parcelas (quem se identifica? )
Sobre o Dino que aparece nas fotos: sempre tem algum guia que leva. O nosso, acredito que Ruben tenha pegado emprestado. Se você se programar (levar objetos), para as fotos, ótimo! Se não, por lá deve ter alguma coisa.
Como vocês puderam ver, nosso tour foi compartilhado. Nós super curtimos e, como escolhemos bem a agência, praticamente não houve perrengues. Mas há também a opção de tour privado, ideal para quem busca mais conforto. A Alexandra do Blog 4 Trip fez e conta direitinho como é no link.
Uffa, que dia! Creio que esse post do Salar de Uyuni, 3º dia, não poderia ter ficado mais completo. Ainda assim, se faltou alguma coisa, manda aí pra gente nos comentários. Até La Paz! #VivaLeve
As fotos sem nossa marca d’água foram tiradas nas câmeras dos nossos amigos e parceiros de aventuras do VNJ! ❤
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